Luciana Genro

Com racismo, não tem jogo

Luciana Genro
Deputada estadual e líder da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa
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As manifestações de racismo no futebol infelizmente não são novidade. São um reflexo do racismo estrutural em nossa sociedade, que se expressa também dentro das arenas esportivas. O que é novidade é a reação cada vez mais contundente e massiva da opinião pública diante dos casos de racismo.

Isso ficou demonstrado no recente episódio envolvendo o jogador Vini Jr. O repúdio internacional às odiosas condutas racistas deixou um recado incontestável: com racismo, não tem jogo. Até mesmo grandes marcas que patrocinam competições estão sendo pressionadas a adotar medidas antirracistas concretas e o tema também passa a entrar em cláusulas contratuais de atletas e clubes.

Para dar consequência prática à ideia de que com racismo não tem jogo, projetos de lei foram apresentados no sentido de interromper partidas de futebol em casos de manifestações racistas _ seguindo protocolos, inclusive, da própria Fifa. O primeiro deles foi aprovado com urgência no Rio de Janeiro, de autoria do deputado Prof. Josemar, do PSOL.

Foi com base neste projeto que apresentei o PL 267/2023 na Assembleia Legislativa do RS, assinado também pelo deputado Matheus Gomes. A proposta é que a partida seja interrompida até que a conduta racista seja cessada e, caso volte a ocorrer, que os atletas se retirem da quadra por dez minutos. Se, mesmo após essas duas medidas, a situação seguir, a partida deverá ser encerrada.

O projeto ainda prevê que, caso a ocorrência seja registrada antes do início da partida, o árbitro poderá cancelar o jogo, a depender da gravidade do caso. As penalidades deverão ser amplamente divulgadas pelos organizadores dos jogos e administradores dos estádios, a fim de exercer um efeito preventivo.

Quem pratica condutas racistas dentro dos estádios precisa entender que este crime de ódio trará consequências severas para seu time do coração. Quem sabe assim conseguiremos diminuir a incidência desta chaga social no futebol, que só em 2021 ocorreu 158 vezes no Brasil, segundo o Observatório da Discriminação Racial no Futebol.

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